Memória de minhas putas tristes - G. G. Marquez

Literatura hispano-americana
O ano de 2007 foi, definitivamente, o ano do colombiano e na época octogenário Gabriel Garcia Márquez (1927-2014), uma edição especial comemorativa de 40 anos de publicação de "Cem Anos de Solidão" foi editada pela Real Academia Espanhola e haviam se completado também 25 anos do recebimento de seu Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de obras que definiram um estilo que passaria a ser chamado de "realismo mágico" que, para o bem e para o mal, passou a ser um sinônimo de literatura latino americana.

"Memória de minhas putas tristes" leva a marca do mestre Gabo ou Gabito como aprendemos a conhecê-lo a partir de suas memórias lançadas em 2002 com o título de "Viver para contar", um livro que, ao final da leitura, nos deixa na dúvida se lemos uma auto-biografia ou um romance, tal o lirismo com que sua vida se confunde com a obra.

"Memória de minhas putas tristes" é uma história de amor incomum entre um ancião e uma menina de catorze anos e que nos deixa surpreendidos já no primeiro parágrafo: "No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com sorriso maligno, você vai ver. "

O narrador desta história é um jornalista que passou toda a vida escrevendo crônicas em um jornal do interior e que, segundo ele próprio descreve em suas "memórias", nunca se deitou com mulher alguma sem pagar, sempre fugindo do amor. É, portanto, surpreendente que ele venha a descobrir finalmente, em uma das passagens mais bonitas do livro, que: "o sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança".

Na verdade, neste romance o sexo nunca chega a se concretizar, a exemplo do clássico “A Casa das Belas Adormecidas” de Kawabata, que é citado na epígrafe. Todo o relacionamento é uma descoberta do amor tardio pelo velho jornalista que, em última análise, é a sua própria paixão pela vida.

Comentários

Nadadeordinário disse…
É mesmo, fome de viver foi um filme que vi menina e fiquei pensando sobre ele. Tive a impressão de estar em contato com algo que eu não entendia.Era a estética antes do roteiro. Inesquecível.
Nadadeordinário disse…
Este livro está comigo e não pude ler por falta de tempo... maldade...
Barros (RBA) disse…
Os melhores livros em geral, são aqueles em que o autor coloca muito de sua própria vida. Quando um autor de talento usa seus mais íntimos sentimentos, seus anseios, angústias, fracassos e decepções na construção dos personagens, pode conseguir uma obra-prima.
Este livro é bem mais simples que outros de Gabriel Garcia Marquez, mas confirma esta idéia, que juntamente com seu estilo original, lhe fez jus ao premio Nobel conquistado pelo seu famoso “Cem Anos de Solidão”.
Leila Silva disse…
Faz mais ou menos um mês li este livro de Kawabata. Adorei, já o Memórias de...foi o livro de Marquez que menos me impressionou.
Anônimo disse…
Parabéns Kovacs por mais este trabalho excelente! Um banho de cultura e entretenimento. Li "Memória de Minhas Putas Tristes" no início de 2006, gostei muito... sobretudo pela narrativa simples mostrando a garra e paixão pela vida.
Alexandre Kovacs disse…
Ana, obrigado pela visita e comentário. Sempre bom contar com a presença dos amigos. Volte sempre!

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