Eça de Queirós - Os Maias

Literatura portuguesa
Eça de Queirós - Os Maias - Ediouro - 694 páginas - Publicação 2000.

Eça de Queirós (1845-1900) é considerado o maior escritor em prosa da língua portuguesa, tendo estabelecido o elo entre tradição e modernidade através de uma visão crítica da sociedade de seu tempo, principalmente nos romances da fase Realista como "O Crime do Padre Amaro" (1875), "O Primo Basílio" (1878), "A Relíquia" (1887) e "Os Maias" (1888). Segundo o crítico Massaud Moisés, nestas obras "Eça coloca-se sob a bandeira da República e da Revolução e passa a escrever em coerência com as idéias aceitas, obras de combate às instituições vigentes (Monarquia, Igreja e Burguesia) e de ação e reforma social". A última fase de Eça é marcada por um retorno aos valores da tradição portuguesa com os romances "A Ilustre Casa de Ramires" (1900) e "A Cidade e as Serras" (1901, póstumo), onde, sem abdicar do estilo realista e da fina ironia, apresenta temas mais otimistas e de caráter patriótico.

Em "Os Maias" Eça desenvolve, mais uma vez, um tema difícil ao descrever o caso um tanto quanto "folhetinesco" de incesto entre Carlos da Maia, último descendente de quatro gerações da família Maia, e sua irmã, dada como desaparecida, Maria Eduarda. Carlos é criado pelo avô Afonso após o trágico caso do suicídio de seu pai que foi abandonado pela mulher Maria Monforte. É interessante notar como neste, e em outros romances de Eça, as personagens femininas estão sempre caracterizadas com uma forte carga de pecado e destruição.

Ao longo da narrativa são apresentados detalhes do cotidiano da alta sociedade de Lisboa e a decadência da aristocracia no final do século XIX. É justamente nesta descrição e na criação de personagens inesquecíveis que se encontra o grande mérito do romance. Seja na ironia corrosiva do melhor amigo de Carlos da Maia, o impagável João da Ega (talvez uma representação do próprio Eça), através do covarde e mentiroso Dâmaso Salcede que reúne todos os vícios da sociedade e que acaba traindo a amizade de Carlos ao se sentir rejeitado ou, em contrapartida, do correto e digno inglês Craft, um homem rico e de extremo bom gosto, representante da superioridade econômica e cultural britânica da época.

Comentários

Quem sou eu para comentar Eça?
Alexandre Kovacs disse…
Sonia, fiquei com a mesma sensação de inferioridade ao escrever esta resenha. Obrigado pela visita sempre bem vinda!

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