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Mostrando postagens de novembro, 2008

100 Livros Notáveis em 2008 - New York Times

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O ano vai chegando ao final e surgem as famosas listas com os destaques em cada área de atuação. Com a literatura não poderia ser diferente, ressaltando apenas a particularidade de que a lista dos livros mais vendidos é normalmente inversa à lista dos melhores em termos de qualidade. Fato extraordinário, mas que pode ser facilmente constatado nas relações de "best sellers" de pouco conteúdo que conhecemos bem. Logo, é importante identificar o foco da lista em referência. A lista do New York Times (Sunday Book Review) , apresenta uma seleção de 100 livros resenhados no período de 02 de Dezembro, 2007 até hoje, nas categorias de ficção e poesia e não ficção. Cada um dos livros selecionados tem um link apontado para a respectiva resenha crítica, sendo, desta forma, uma fonte de informações importante já que a grande maioria dos livros ainda não foi publicada no Brasil. Destaquei alguns autores com os links para as resenhas de seus últimos romances, lançados em 2008: DIARY O

Anton Tchekhov - O Assassinato e Outras Histórias

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Anton Tchekhov - O Assassinato e Outras Histórias - Editora Cosac Naify - 263 páginas - Publicação 2002 - Seleção, Tradução e Prefácio de Rubens Figueiredo. " Depois de se escrever um conto, deve-se cortar o início e o fim, pois é aí que nós, escritores, mais mentimos " declarou Anton Pavlóvitch Tchekhov (1860-1904) ao colega escritor Ivan Bunin. Essa idéia resume bem uma parte da arquitetura narrativa utilizada por Tchekhov nos contos incluídos nesta coletânea, todos pertencentes à última fase de sua obra, onde o bom humor dá espaço a uma descrição fria e detalhada da vida miserável das aldeias russas no final do século XIX. Tchekhov foi, sem dúvida, um mestre na técnica do conto e conseguiu assegurar o seu lugar na literatura russa em um cenário dominado pela prosa dos grandes romances de Turguêniev, Tolstói e Dostoiévski, sendo que ele, em oposição aos seus contemporâneos, não se enquadrou em qualquer engajamento moral, político ou religioso. No prefácio de Rubens

Primavera dos Livros 2008

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Programa imperdível para quem estiver no Rio de Janeiro de 27 a 30 de Novembro, a Primavera dos Livros, 13º edição, versão 2008, será nos jardins do Museu da República, no bairro do Catete. O evento, que tem a entrada franca, e oferecerá descontos de até 50%, é organizado pela Liga Brasileira de Editores (LIBRE) . Diferente de outros eventos literários bem mais divulgados na mídia, como a Bienal do Livro, a Primavera dos Livros reúne somente pequenas e médias editoras (de excelente qualidade como a Cosac Naify, 7Letras, Aeroplano, Editora 34 e muitas outras) oferecendo espaço para os verdadeiros astros, ou seja, os livros.

Os Sofistas

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A Escola de Atenas Raphael (1483 - 1520) -  500 × 770 cm - Vaticano O meu amigo Quintanilha enviou mais um excelente texto sobre os filósofos gregos, desta vez sobre os criadores da retórica e oratória, conhecidos como Sofistas. A técnica do Sofismo é muito utilizada em nosso mundo "real" e, ainda hoje, desperta grande interesse. Segue o texto onde, na conclusão, é citado o paradoxo do advogado.   O ideal máximo da lógica é a coerência. A lógica foi sistematizada por Aristóteles, e se constituiu até o começo da idade moderna como matéria prima principal ao lado da teologia e da filosofia. Aristóteles foi discípulo de Platão, que mantinha uma escola em Atenas denominada Academia . Ali, talvez, Platão o tenha levado a gostar das formas coerentes de pensamento, motivando-o a lógica. Contudo, Aristóteles só veio a elaborar seu sistema quando já estava afastado do mestre. Seus discípulos reuniram todos os seus trabalhos sob o título de Organon (Instrumento), como um

Clarice Lispector e Ana Cristina Cesar

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Clarice e Ana, tão separadas no tempo e no espaço, vidas de caminhos diferentes, mas com alguma coisa semelhante no olhar. A busca pela linguagem, seja prosa ou poesia, de uma imagem indefinida, um sentimento difícil de captar. Cada uma do seu jeito, cada uma com seu olhar. Disse Clarice: “Uma vez eu irei. Uma vez irei sozinha, sem minha alma dessa vez. O espírito, eu o terei entregue à família e aos amigos com recomendações. Não será difícil cuidar dele, exige pouco, às vezes se alimenta com jornais mesmo. Não será difícil levá-lo ao cinema, quando se vai. Minha alma eu a deixarei, qualquer animal a abrigará: serão férias em outra paisagem, olhando através de qualquer janela dita da alma, qualquer janela de olhos de gato ou de cão. De tigre, eu preferiria. Meu corpo, esse serei obrigada a levar. Mas dir-lhe-ei antes: vem comigo, como única valise, segue-me como um cão. E irei à frente, sozinha, finalmente cega para os erros do mundo, até que talvez encontre no ar algum bólide

Edward Thomas - Rain

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Em Fevereiro deste ano fiquei conhecendo o poeta inglês Edward Thomas (1878-1917), através da seção " Poem of the week " do jornal Guardian . Desde então, a tristeza e solidão evocadas pela atmosfera do poema "Rain" ficaram guardadas no meu inconsciente, até que decidi dividir hoje um pouco desta experiência. Todos os poemas de Edward Thomas foram escritos no período de Dezembro 1914 até Janeiro 1917 (menos de 150 poemas), incluindo " Rain ", criado durante o período de treinamento no exército inglês, antes de partir para a França, onde viria a morrer na batalha de Arras, durante a primeira grande guerra. Edward Thomas, formalmente conhecido como jornalista, crítico literário e autor de ensaios foi incentivado a escrever poesias pelo amigo e poeta americano Robert Frost (1874-1963) para quem desabafou, em uma de suas últimas cartas, o seguinte pensamento: "I should like to be a poet just as I should like to live, but I know as much about my

António Lobo Antunes

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O escritor português António Lobo Antunes foi premiado em segundo lugar no Portugal Telecom 2008 com o romance "Eu hei-de amar uma pedra", no entanto ele não esteve presente à cerimônia devido, como explicou o apresentador, " a suas peculiaridades ".  Esta característica polêmica do autor, talvez tenha sempre chamado mais atenção da mídia do que suas obras, normalmente complexas, que exigem algum esforço do leitor devido à mudança constante da voz do narrador (polifonia) e a mistura entre passado e presente (simultaneidade). Ele é frequentemente citado pela crítica como verdadeiro merecedor do Nobel de literatura em língua portuguesa, em detrimento de José Saramago. António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 1942. Médico psiquiatra, foi convocado pelo exército português para servir na guerra em Angola, tornou-se internacionalmente conhecido com o seu segundo romance " Os cus de judas " (1979), sobre o conflito e a independência angolanos. O trecho