Diogo Mainardi - A Queda

Literatura
Diogo Mainardi - A Queda - As memórias de um pai em 424 passos - Editora Record - 152 páginas - lançamento 2012.

O antigo costume de ler as críticas corrosivas de Diogo Mainardi na sua ex-coluna semanal da revista Veja ou assistir aos polêmicos comentários no Manhattan Connection, pode gerar uma certa estranheza ao fato dele ter decidido contar a trajetória pessoal de amor exacerbado ao filho Tito, portador de paralisia cerebral devido a erros médicos durante o parto em um hospital de Veneza em 2.000. No entanto, é bom salientar que Mainardi é fiel durante toda a narrativa ao seu modo independente de pensar e até mesmo aos seus próprios erros, não se rendendo em nenhum momento ao estilo sentimental puro e simples que poderia facilmente nortear o texto. Mesmo assim ele consegue emocionar o leitor em muitos momentos pela autenticidade e coragem de expor a sua vida particular.
"Montaigne era um pai dedicado. Em um de seus mais célebres ensaios, ele discorreu sobre o afeto paterno, ostentando sua filha Léonor. Montaigne ostentou sua filha Léonor do mesmo jeito que eu ostentei meu filho Tito e Tom Cruise ostentou sua filha Suri. Léonor foi a Suri do Renascimento. Em outro de seus mais célebres ensaios, Montaigne argumentou que filosofar é aprender a morrer. Eu aprendi a morrer com a paternidade. Desde o dia em que Tito nasceu, fui totalmente anulado por ele. perdi a vontade própria. Deixei de existir. Só um morto pode deixar de existir. Se filosofar é aprender a morrer, a paternidade é a filosofia do homem comum, a filosofia dos pobres de espírito, a filosofia das massas. É a única filosofia ao alcance de gente como Tom Cruise e eu."
O livro é dividido em pequenos fragmentos numerados, representando o progresso dos passos de Tito durante os últimos dez anos, nos quais Mainardi vai misturando a história de sua família com inúmeras referências culturais que variam de Ezra Pound a Neil Young ou de Shakespeare a Abbott e Costello. Na verdade, é um estilo muito difícil de definir porque não pode ser resumido simplesmente como memórias ou crônicas e, apesar de não ser uma obra de ficção, tem muito de literatura. Como Diogo Mainardi é uma personalidade pública constantemente objeto de ódio ou paixão, é interessante a sua definição do próprio livro: "Esse livro é melhor do que eu".

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