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Mostrando postagens de 2015

Melhores leituras de 2015

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A seleção de resenhas do ano, não necessariamente sobre livros lançados em 2015, reflete única e exclusivamente o meu gosto pessoal. É bom destacar que, como qualquer outra lista, também é incompleta e passível de questionamentos. Como premissa, considerei apenas obras de ficção, propositalmente excluindo autores brasileiros para melhor uniformidade. Foi um ano difícil em todos os sentidos, mas felizmente este não é um blog para discutir política, economia e desastres ambientais, para esses assuntos existem espaços próprios e melhor preparados. Desejo a todos um ótimo e inspirador 2016 com muitas leituras e releituras nas áreas de ficção (prosa e poesia), história, arte, cultura, música e filosofia. Espero continuar contando com a presença de vocês aqui no Mundo de K, sempre! (01) Javier Marías - Assim começa o mal - Editora Companhia das Letras - 520 páginas - tradução de Eduardo Brandão - Lançamento no Brasil em 29/09/2015 (Leia  aqui   um trecho disponibilizado pela Edit

Haruki Murakami - Sono

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Haruki Murakami - Sono - 120 páginas - Editora Objetiva, Selo Alfaguara - Tradução direta do japonês por Lica Hashimoto - Ilustrações de Kat Menschik - Lançamento no Brasil: 01/03/2015. Esta é uma edição especial de capa dura com apenas um conto escrito em 1990 por Haruki Murakami, incluindo sofisticadas ilustrações no estilo de graphic novel , uma espécie de presente para os fãs do autor. Na verdade, o conto já havia sido lançado na antologia, ainda não traduzida e publicada no Brasil, "The Elephant Vanishes", com o título de "Sleep" (ler aqui resenha do Mundo de K), mas não deixa de ser uma boa oportunidade para apreciar as sutilezas da tradução direta do japonês de Lica Hashimoto e o trabalho do ilustrador alemão  Kat Menschik em lindas tonalidades azuladas que valorizam e, até certo ponto, justificam uma edição tão pequena com pouco mais de 100 páginas, mas que certamente encontrará boa receptividade no mercado, considerando a crescente legião de novo

Philip K. Dick - Androides sonham com ovelhas elétricas?

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Philip K. Dick - Androides sonham com ovelhas elétricas? - 272 páginas - Editora Aleph - Tradução do original "Do androids dream of electric sheep?" por Ronaldo Bressane - lançamento no Brasil 2014. Lançado originalmente em 1968, este romance inspirou o filme "Blade Runner, o Caçador de Androides" de Ridley Scott que é considerado (com razão) uma das melhores produções já realizadas no tema de ficção científica. O argumento tem como base uma visão distópica do futuro onde, após uma Guerra Mundial com utilização de armas atômicas, grande parte da população da Terra é aniquilada (assim como a maioria das espécies animais e vegetais) ou emigra para outros planetas. Os habitantes remanescentes no planeta sofrem efeitos em seu organismo devido à poeira radioativa e são divididos entre Normais, os que ainda não foram afetados definitivamente pela radioatividade, tendo permissão para emigrar para outros planetas-colônia e os Especiais, indivíduos considerados biol

Kobo Abe - O rosto de um outro

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Kobo Abe - O rosto de um outro - 288 páginas - Editora Cosac Naify - Tradução Leiko Gotoda - Lançamento no Brasil 2015 - Capa e abertura: Fotogramas do filme Tarin no Kao (The Face of Another), dirigido por Hiroshi Teshigahara, roteiro de Kobo Abe. Japão, 1966. Lançado originalmente em 1964 por Kobo Abe (1924 - 1993), romancista e dramaturgo do movimento da vanguarda japonesa do pós-Guerra, este livro pode induzir uma (errada) impressão de simplicidade com base unicamente no resumo simples da trama principal. O protagonista e narrador é desfigurado por uma explosão em seu laboratório, o efeito devastador faz com que ele passe a viver com o rosto encoberto por bandagens, mas após sofrer a reação cruel da sociedade ao seu aspecto, recorre secretamente aos próprios conhecimentos científicos para construir uma máscara perfeita que passará a ser o seu novo rosto, no entanto a máscara acaba afetando a sua personalidade e induzindo um comportamento violento que foge ao controle.  O arg

Flavio Cafiero - Dez centímetros acima do chão

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Flavio Cafiero - Dez centímetros acima do chão - 160 páginas - Editora Cosac Naify - Lançamento 2014. Um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2015 , este livro reúne 14 contos escritos entre 2009 e 2013, todos inspirados no cotidiano da classe média em um ambiente urbano. O termo "escrita criativa" está um pouco desgastado na literatura contemporânea, mas define bem o esforço de Flavio Cafiero para não subestimar a inteligência do leitor na busca da surpresa, seja pela estrutura narrativa incomum ou pela originalidade dos temas. No entanto, é bom avisar que o cuidado na produção dos textos exige atenção redobrada, principalmente pelo que não é explicitado pelo autor, mas apenas sugerido nas ações dos personagens (assim como na vida real, precisamos avaliar e tomar decisões de acordo com a intuição e o conhecimento parcial dos fatos). Até mesmo as notas de rodapé assumem uma função original, diferente em cada conto, servindo como mais um elemento de apoio para esclarecer o

Mia Couto - Mulheres de Cinzas

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Mia Couto - Mulheres de Cinzas - 344 páginas - Editora Companhia das Letras - Lançamento no Brasil 16/11/2015 (Leia  aqui um trecho disponibilizado pela Editora). Uma das citações mais bonitas de Mia Couto (e podem acreditar que são muitas) nos ensina que:  "a descoberta de um lugar exige a temporária morte do viajante" (do seu romance "Venenos de Deus, Remédios do Diabo" de 2008) , assim acontece com esta nova obra do autor, "Mulheres de Cinzas" , primeiro volume de uma trilogia sobre um importante período da história de Moçambique e no qual, para apreciar toda a força poética do texto e a riqueza do folclore e costumes locais, precisamos abandonar a nossa herança cultural ocidental e urbana, assim como os conceitos transmitidos ao longo da história oficial da colonização portuguesa, ou seja, "morrer" um pouco, só assim a prosa mágica do autor, com o seu estilo que é um exercício contínuo de recriação da língua, poderá ganhar o merecid

Vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2015

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Divulgados os vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura , versão 2015. Este ano, um total de 215 livros concorreram à premiação, 111 de autores veteranos e 104 de autores estreantes. Criado em 2008 pelo Governo do Estado de São Paulo, o prêmio é o maior do País em valor individual e tem como principais objetivos incentivar a produção literária de qualidade, apoiar e valorizar novos autores e editoras independentes, além de incentivar a leitura. Segue resumo sobre os vencedores com links para referência. Estevão Azevedo , 37 anos, ganhou R$ 200 mil na categoria de melhor romance do ano com "Tempo de Espalhar Pedras" (Editora Cosac Naify). Em 2009, o escritor, nascido em Natal/RN, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura com seu primeiro romance, "Nunca o Nome do Menino" (Editora Terceiro Nome). Para o juri, Azevedo se destacou entre os concorrentes pelo "amplo domínio da maestria narrativa e ficcional", com um texto surpreendente, que se

Javier Marías - Assim começa o mal

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Javier Marías - Assim começa o mal - Editora Companhia das Letras - 520 páginas - tradução de Eduardo Brandão - Lançamento no Brasil: 29/09/2015. Javier Marías está de volta com a sua prosa caudalosa e as deliciosas e longas frases que se ramificam em múltiplas digressões, estilo que me faz lembrar do saudoso José Saramago. Este romance é ambientado na Madri dos anos oitenta, após a longa era de 36 anos do "Generalíssimo" Franco no poder, período que ficou conhecido na história como ditadura franquista, iniciado em 1939, no fim da Guerra Civil, até a sua morte em 1975.  Um período total de 36 anos, portanto, que deixou marcas profundas na sociedade espanhola e provocou um fenômeno típico nos governos de redemocratização (que conhecemos muito bem), a convivência tácita entre as vítimas e os carrascos do  antigo  regime, sendo que, em alguns casos, os lobos se transformam em cordeiros e o medo de novas arbitrariedades faz com que as testemuhas se calem. "Naqueles

100 Livros Notáveis em 2015 - New York Times

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A lista do New York Times (Sunday Book Review)  apresenta uma seleção de 100 livros resenhados em 2015, escolhidos pelos editores do Sunday Book Review. Cada um dos livros selecionados tem um link apontado para a respectiva resenha crítica, sendo, desta forma, uma fonte de informações importante já que a grande maioria dos livros ainda não foi publicada no Brasil. O ano de 2015 foi excelente para a área de ficção como podemos constatar nos seguintes destaques: The Complete Stories (Clarice Lispector traduzida para o inglês, editado por Benjamin Moser), God Help the Child (Toni Morrison), Purity (Jonathan Franzen) e  Submission (Michel Houellebecq).  Para quem desejar se aprofundar ou procurar uma resenha para um livro específico, seguem os links para as listas dos últimos anos: 2014  / 2013 /  2012 /  2011 /  2010 /  2009 /  2008 /  2007 /  2006 /  2005 /  2004  /  2003 /  2002 /  2001 /  2000 /  1999 /  1998 .

Primavera dos Livros 2015

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Um programa sempre muito recomendado para os apaixonados pela leitura, a Primavera dos Livros no Rio de Janeiro, agora renomeada para Primavera Literária, completa 15 anos e ocorrerá mais uma vez nos jardins do Museu da República (Rua do Catete, 153 em frente à estação do Metrô) de 3 a 6 de dezembro, reunindo mais de 100 pequenas e médias editoras. Segundo a Liga Brasileira de Editores (Libre), organizadora do evento, a Primavera Literária terá mais de 15 mil títulos à venda com até 50% de desconto. Na programação estão previstos lançamentos de livros, encontros com escritores, debates, atividades para os jovens, brincadeiras e manhãs de autógrafo para crianças, muita poesia e uma praça de alimentação, entre outros. O tema deste ano será "Bibliodiversidade - encontro cultural e transformador".  O evento, com entrada franca, funcionará de 10h às 21h.

As 20 melhores distopias da literatura

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Cena do filme Blade Runner de Ridley Scott (1982) O século XX representou o fim da esperança em uma sociedade utópica. Afinal, depois de duas grandes guerras mundiais e do conflito gerado entre o capitalismo e a alternativa econômica do sistema político oferecido pela URSS, ficamos sem disposição para sonhos. A ameaça de governos repressivos e totalitários em todo o mundo inspirou a criação de obras distópicas que seriam uma antítese da utopia imaginada em séculos passados. Sendo assim, a visão pessimista do mundo acabou se refletindo na criação literária o que explica o desenvolvimento deste estilo tão popular entre a juventude atualmente, como podemos constatar nas séries adaptadas para o cinema como Jogos Vorazes, a trilogia divergente e tantas outras.  É interessante notar como os acontecimentos cruéis deste início de século XXI, norteados pelo fanatismo religioso, os interesses das grandes corporações, as tragédias ambientais e atentados terroristas transformaram os rom