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Mostrando postagens de junho, 2015

Richard Dawkins - Deus, um Delírio

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Richard Dawkins - Deus, um Delírio - Editora Companhia das Letras - 528 páginas - Tradução de Fernanda Ravagnani - Lançamento no Brasil: 16/08/2007. Podemos discordar ou não de Richard Dawkins sobre a existência de Deus, mas não há como negar que o fanatismo religioso, de uma forma generalizada, tem provocado guerras, perseguições e conflitos armados ao longo da história. Não precisamos ir tão longe, até a época das Cruzadas por exemplo, porque ainda hoje, em pleno século XXI, as ações entre israelenses e palestinos, católicos e protestantes, ou os recentes atentados terroristas do Estado Islâmico têm sido exemplos do mau uso que a humanidade faz de suas crenças. Certamente que não podemos ser ingênuos ao ponto de acreditar que todos esses conflitos têm origem apenas na religião, certamente que existem também fortes motivos políticos e econômicos, mas o fator decisivo na formação de um homem-bomba ou guerrilheiro está sempre associado com algum movimento extremista religioso. Nun

Exposição Pablo Picasso e a Modernidade Espanhola no RJ

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Detalhe da obra "Mulher sentada apoiada sobre os cotovelos" (1939) Após a temporada inicial em São Paulo, onde foi visitada por mais de 200 mil pessoas, a exposição gratuita Pablo Picasso e a Modernidade Espanhola chega agora ao Rio de Janeiro onde será apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no período de 24 de junho a 7 de setembro. A mostra reúne 90 obras do Museu Nacional Reina Sofia , de Madri. A exposição é dividida em oito módulos e faz referência à trajetória de Picasso e sua influência nas obras de outros artistas modernistas da época até chegar à realização de " Guernica" (1937), em estilo cubista, que representa o bombardeio nazista na cidade do mesmo nome, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Serão exibidos estudos e esboços desta obra que não pode sair da espanha por questões de segurança.  Entre os trabalhos de Picasso que integram a exposição no CCBB, destaque para:  "Cabeça de Mulher" (1910), "Bus

Leonardo Padura - A neblina do passado

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Leonardo Padura - A neblina do passado - Editora Saraiva (Selo Benvirá) - 442 páginas - tradução de Júlio Pimentel Filho - Publicação 2012 (Lançamento original 2005). Restringir este romance à categoria de literatura policial seria uma injustiça com a habilidade do escritor cubano Leonardo Padura. Nada contra os romances de detetives, mas o autor construiu uma verdadeira história afetiva de Cuba, particularmente sobre as transformações da cidade de Havana e seus habitantes, na segunda metade do século XX, compreendendo os seguintes três grandes períodos: A era inicial do ditador Fulgencio Batista, à partir de 1952, onde existia corrupção generalizada e a influência econômica dos Estados Unidos, o segundo período que se inicia em 1959 com a vitória da Revolução socialista liderada por Fidel Castro e Che Guevara, provocando a desapropriação de várias empresas norte-americanas e privatização de bens das famílias tradicionais que compactuavam com o governo anterior e, finalmente, os

Zadie Smith - Sobre a Beleza

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Zadie Smith - Sobre a Beleza - Editora Companhia das Letras - 448 páginas - Tradução de Daniel Galera - Lançamento no Brasil: 26/10/2007. Terceiro romance de Zadie Smith, após sua estreia com os premiados: " Dentes Brancos" (2000) e " O Caçador de Autógrafos" (2002), traduzidos e publicados no Brasil pela Editora Companhia das Letras; " Sobre a Beleza" , lançado originalmente em 2005, também foi muito elogiado pela crítica especializada e recebeu prêmios importantes como o extinto Orange Prize de 2006 (atual Baileys Women's Prize for Fiction), além de ter sido selecionado na shortlist do Man Booker Prize em 2005. Este romance consolidou a posição da autora na literatura britânica contemporânea ao lado de nomes já consagrados como: Ian McEwan, Martin Amis, Julian Barnes, Kazuo Isghiguro e Hilary Mantel, para citar alguns. O romance tem como base os contrastes entre duas famílias (estrutura similar a "Howards End" de E. M. Forster,

Prêmio Princesa das Astúrias de Literatura 2015

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O escritor cubano Leonardo Padura ganhou o Prêmio Princesa das Astúrias de Literatura 2015 (antigo prêmio Príncipe das Astúrias, renomeado após a abdicação de Dom Juan Carlos da monarquia). Leonardo Padura é conhecido por seus romances policiais e a criação do personagem Mario Conde. No Brasil, o trabalho dele foi bastante divulgado por conta de seu romance histórico  O homem que amava os cachorros (lançado pela Boitempo Editorial em Dezembro de 2013). A organização considerou a obra do autor como "uma soberba aventura do diálogo e da liberdade" , além de "mostrar os desafios e os limites na busca da verdade. Uma exploração impecável da história e de seus modos de contá-la" .  Sobre a questão da influência política na escolha, em função da recente onda de reaproximação de Cuba  com os EUA, Leonardo Padura já havia declarado em uma entrevista à New Yorker, em 2003, que "não tem qualquer militância, nem com o Partido, nem com a dissidência" , decl

Novo Prêmio Literário Oceanos substitui o Portugal Telecom

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O Prêmio Portugal Telecom de Literatura, cancelado este ano pelos antigos patrocinadores, passará a ser chamado de Oceanos - Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa e patrocinado pelo Itaú Cultural . A premiação, focada nas obras de poesia, prosa e crônicas em língua portuguesa, terá inscrições abertas à partir do dia 10 de junho neste site . Poderão concorrer ao Prêmio Oceanos as obras de criação literária com primeira edição no Brasil publicada em 2014 e os livros de outros países lusófonos publicados no país de origem de 2011 a 2014, mas devendo ter sido publicados no Brasil em 2014. Livros infantis e infanto-juvenis não poderão concorrer. A principal modificação do regulamento será que a a divisão original do Portugal Telecom em três categorias - conto e crônica, poesia e romance - será substituída por uma classificação única. Os quatro primeiros classificados receberão, respectivamente, prêmios de 100 mil reais, 60 mil reais, 40 mil reais e 30 mil reais, sendo divulga

Carol Bensimon - Todos nós adorávamos caubóis

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Carol Bensimon - Todos nós adorávamos caubóis - Editora Companhia das Letras - 192 páginas - Lançamento: 07/10/2013. Se você gosta de road movies como Thelma & Louisie vai adorar este romance, mas se não for o caso irá gostar do mesmo jeito porque, além da narrativa cinematográfica, Carol Bensimon sabe muito bem como contar uma história e parece não ter a menor preocupação em perseguir um pretenso rigor literário ou acadêmico. Lembro que fiquei conhecendo o trabalho dela através da Granta 9 - Os melhores jovens escritores brasileiros , lançamento 2012, onde o primeiro capítulo deste romance, com o título de Faíscas , foi selecionado na Antologia de contos assim como Apneia  de Daniel Galera, que também viria a fazer parte de  Barba Ensopada de Sangue . Cora e Julia são duas personagens lindas e carismáticas que se apaixonaram na época da faculdade, passando por situações comuns a outras jovens que enfrentam dificuldades por conta de pressões sociais e familiares devido a s

Krishna Monteiro - O que não existe mais

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Krishna Monteiro - O que não existe mais - Editora Tordesilhas - 112 páginas - Prefácio de Noemi Jaffe - Lançamento: Fevereiro 2015 (Leia aqui um trecho disponibilizado pela editora). Já disse uma vez o poeta Manoel de Barros que "as coisas que não existem são mais bonitas" (poema Mundo Pequeno), pois o jovem autor estreante Krishna Monteiro nos ensina agora uma coisa que já deveríamos saber também, que a lembrança deixada pelas coisas e pessoas que já não existem permanece existindo e se renovando em nossa memória. O tema e a capa desta edição podem induzir uma ideia de simplicidade, no entanto a criatividade na construção dos sete contos que compõem este livro chama a atenção pela ousadia, exigindo atenção redobrada para perceber as sutilezas entre o que é revelado e, principalmente, não revelado pelo autor em um jogo de descobertas que provoca todo o tempo a imaginação do leitor. O primeiro conto que empresta o título ao livro explora a vertente mais óbvia da au

Ricardo Piglia - Respiração Artificial

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Ricardo Piglia - Respiração Artificial - 200 páginas - Editora Companhia das Letras (Companhia de Bolso) - Tradução de Heloisa Jahn - Lançamento  no Brasil: 28/01/2010. O argentino Ricardo Piglia (1941-2017), crítico literário e romancista, é reconhecido como um dos autores contemporâneos mais conceituados da América Latina. Respiração Artificial , lançado originalmente em 1980, é um romance difícil, não só porque utiliza técnicas de narrativa polifônica em épocas diferentes, mas também e, principalmente, porque faz referência a obras de filosofia e literatura clássicas, assim como da história e escritores da literatura argentina, background que nem sempre é compatível com a formação dos leitores brasileiros. De qualquer forma é uma ótima chance de reduzirmos a distância cultural que nos afasta dos nossos hermanos, nada que rápidas consultas na internet não possam resolver. Na primeira parte do romance é utilizada a troca de correspondência e alternância de narração entre o jo