Postagens

Mostrando postagens de abril, 2016

As ilustrações misteriosas de Jennifer Yoswa

Imagem
A Girl a Chair and a Pear / Winter White Primeiramente, o que me chamou a atenção nas pinturas a óleo de Jennifer Yoswa foram os retratos de cores vivas com modelos de pescoços alongados, no estilo de Amadeo Modigliani (1884-1992). Depois fiquei fascinado com a expressão dos olhos tristes e perdidos e procurei conhecer um pouco mais do trabalho dela na internet e no facebook . Segundo informações do site da artista , uma das poucas fontes disponíveis, ela é uma autodidata que começou a pintar em 2001, inspirada pela poesia, música, pessoas, sentimentos e sonhos. A pintura permitiu uma viagem de auto-descoberta a lugares só alcançados na imaginação. Girl With Chartreuse Eyes Ela iniciou a carreira ilustrando livros infantis, primeiramente  Morpha, A Rain Forest Story   e depois  Jesus from A to Z  que ganhou muitos prêmios nos EUA em 2009 e permitiu que ela exibisse o seu trabalho em várias galerias. O mistério sobre o significado das ilustrações é ampliado pela falta

20 hábitos pouco educados de leitores compulsivos

Imagem
Detalhes de Alexandre Roslin (1763), Sandro Botticelli (1483) e Vladimir Borovikovsky (1798) Antes de mais nada preciso confessar que sou um leitor compulsivo. Talvez esta falha de caráter explique a facilidade com que relacionei algumas práticas francamente arrogantes e pouco sociais que somente outros leitores compulsivos poderão entender e reconhecer no seu próprio cotidiano.  É difícil definir em que ponto um hábito louvável como a leitura se transforma em vício e obsessão, mas se você se identificou na maioria dos comportamentos abaixo e até mesmo achou alguns um pouco engraçados, sinto dizer caro amigo que, assim como eu, você não tem mais salvação! (01) Esconder-se de conhecidos em ambientes públicos como transportes coletivos ou salas de espera de aeroportos para não precisar interromper a leitura; (02) Ficar tentando identificar que livros as outras pessoas estão lendo na rua ou, em um caso mais crítico, tentar ler sorrateiramente alguns trechos; (03) Recusar-se

Umberto Eco - Número Zero

Imagem
Umberto Eco - Número Zero - Editora Record - 208 páginas - tradução de Ivone Benedetti - Lançamento 2015 (Leia aqui um trecho em pdf disponibilizado pela Editora). Definitivamente este não é o melhor romance de Umberto Eco , mas considero a sua leitura fundamental para os estudiosos e demais interessados nas áreas de Comunicação Social (Jornalismo) e História. O argumento tem como base a criação de um jornal de fachada com a função de produzir notícias tendenciosas para extorsão de elementos do  "clube de elite das finanças e da política" sob a pretensa alegação de dizer a "verdade" acima de todas as coisas .  Como podemos notar, apesar da ação ocorrer no ano de 1992 (época da famosa operação "Mãos Limpas" na Itália), o tema de manipulação das notícias é ainda bastante atual.  O nosso protagonista, um ghost-writer sem maior expressão na área do jornalismo, chamado de Colonna , é contratado pelo editor chefe Simei como assistente de direção e re

Junot Díaz - é assim que você a perde

Imagem
Junot Díaz - This is How you Lose Her - Editora Riverhead Books - Lançamento original em inglês em 2012 (Publicado no Brasil pela Editora Record em 2013 com o título "é assim que você a perde" , 224 páginas, tradução de Flavia Anderson). Junot Díaz ganhou os prêmios National Book Critics Award de 2007 e Pulitzer de Ficção de 2008 com o seu romance de estreia,  "The Brief and Wondrous Life of Oscar Wao" (ler aqui resenha do Mundo de K), além disso conseguiu a primeira colocação no ranking preparado pelo site de cultura da BBC para os melhores romances do século XXI até o momento. Logo, esse lançamento foi cercado de expectativa pelo mercado editorial na época e, mais uma vez, foi sucesso de crítica, finalista no National Book Award de 2012, incluído na lista dos mais vendidos do New York Times e em várias seleções de melhores lançamentos do ano, entre elas as listas do próprio New York Times, Washington Post, Huffington Post e Time Magazine, consolidand

20 livros proibidos que moldaram a América

Imagem
É difícil acreditar, mas alguns clássicos da literatura norte-americana, tais como:  As Aventuras de Huckleberry Finn , Moby Dick e O Grande Gatsby foram censurados e proibidos no próprio território dos EUA. O levantamento sobre as obras censuradas está disponível no site "banned books week"  que é organizado por uma aliança de instituições editoriais e bibliotecas. Não estamos falando aqui de listas de proibições religiosas como o Index Librorum Prohibitorum da Igreja Católica (abolido em 1966 pelo Papa Paulo VI) ou de livros polêmicos como Mein Kempf de Hitler   mas, simplesmente, de romances (alguns de caráter juvenil) e poesia. Segue a relação em ordem cronológica com os comentários em tradução livre. (01) The Scarlet Letter, Nathaniel Hawthorne, 1850 No Brasil: A Letra Escarlate - Editora Companhia das Letras Não é de surpreender a indignação moralista que o livro causou na época do lançamento. No entanto, é de se espantar quando  cento e quarenta anos depo

Matilde Campilho - Jóquei

Imagem
Matilde Campilho - Jóquei - Editora 34 - Coleção Poesia - 152 páginas - Lançamento 2015. Matilde Campilho nasceu em Lisboa em 1982 e viveu no Rio de Janeiro entre 2010 e 2013 onde escreveu este seu primeiro livro de poemas que comprova a importância da preservação e utilização das culturas locais na literatura (prosa e poesia). O terrível Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e, em caráter mais geral, o uso indiscriminado da Internet, ajudaram a transformar o nosso mundo em uma Aldeia Global, como chamado pelo filósofo canadense Marshall McLuhan, um mundo tristemente padronizado, igual em todos os lugares e muito sem graça, principalmente para os poetas.  Não tenho conhecimento de outros escritores que souberam integrar de forma tão criativa, em uma mesma obra, as diferenças linguísticas entre o português falado no Brasil e em Portugal, sem mencionar os países africanos e as particularidades regionais desses países lusófonos. Por outro lado, a poesia de Matilde também está

Patti Smith - Linha M

Imagem
Patti Smith - Linha M - Editora Companhia das Letras - 216 páginas - tradução de Claudio Carina - Lançamento no Brasil: 21/03/2016. Um livro inspirador e que não pode ser classificado em uma única categoria, seja ela autobiografia, ficção ou ensaio, simplesmente porque é tudo isso ao mesmo tempo, assim como a performática Patti Smith que assume múltiplas formas de expressão artística, tais como: música, artes plásticas e poesia, não necessariamente nesta ordem. Preparem-se para uma viagem sem destino e, de preferência, sem pressa também, pelo sensível  "mind train" da autora, vivendo a intimidade do seu processo criativo por meio de lembranças dos lugares que visitou ao redor do mundo e das perdas e conquistas da sua vida pessoal. Diferente de  "Just kids" , vencedor do National Book Award de 2010, que descrevia o período da sua carreira desde a chegada em Nova York, no verão de 1967, até o lançamento do álbum de estreia, Horses , em 1975, em  "Linha

20 autores de um único romance

Imagem
Alguns autores, por diferentes motivos, escreveram um único romance que acabou se transformando em obra-prima. Seja devido à preferência pelo conto, morte prematura ou simples desinteresse pela literatura, nunca conseguiram repetir o mesmo feito. A escritora Harper Lee perdeu a chance de participar deste seleto time de autores ao permitir a publicação de "Go set a Watchman", 55 anos após a obra original, "To Kill a Mockingbird" (publicado no Brasil como "O sol é para todos"). Segue a seleção de autores de um único romance em ordem cronológica de lançamento. (01) Edgar Allan Poe (1809-1849) - The Narrative of Arthur Gordon Pym (1838) No Brasil: A Narrativa de Arthur Gordon Pym -  Editora Cosac Naify (Esgotado) Edgar Allan Poe é certamente um dos maiores especialistas na arte do conto e poesia, contudo escreveu apenas um único romance em toda a sua carreira. O livro narra a odisseia do capitão de um veleiro americano, Gordon Pym, que passa por um

Marguerite Duras - O Amante

Imagem
Marguerite Duras - O Amante - Editora Cosac Naify - 112 páginas - Tradução de Denise Bottman - Lançamento 2007 (Lançamento original na França em 1984). Marguerite Duras (1914-1996), um dos grandes nomes do existencialismo e feminismo do século XX, expoente do movimento literário francês nouveau roman , foi agraciada com o prêmio Goncourt em 1984 por este romance que escreveu no final da carreira, já com setenta anos. Um "pequeno" livro de pouco mais de 100 páginas que se tornou fenômeno de vendas, tendo sido traduzido para 40 idiomas e adaptado para o cinema pelo diretor Jean-Jacques Annaud em 1992, com críticas não muito favoráveis da autora que já tinha as sua experiências com a criação de roteiros e direção de cinema, principalmente em "Hiroshima mon amour" (roteirista) e "India song" (diretora e roteirista). Dois fatores originaram o sucesso de público na época para "L'amant" , primeiramente o tema polêmico: uma adolescente fra